É isso e nada mais

Olá!

Não postei nada esse ano e venho sendo cobrada por isso. Achei que nem lembravam mais da existência do Blog, mas vos digo que voltei!

Vede, vede, é dia já... Vede o dia... Fazei tudo por reparardes só no dia, no dia real, ali fora... Vede-o, vede-o... Ele consola... Não penseis, não olheis para o que pensais... Vede-o a vir o dia... Ele brilha como ouro, numa terra de prata. As leves nuvens arredondam-se à medida que se cobrem... Se nada existisse, minhas irmãs?... Se tudo fosse, de qualquer modo, absolutamente coisa nenhuma?

Fernando Pessoa: O marinheiro

Tenho tido a sensação de que os meus devaneios não são tão insensatos assim. Tudo o que eu já sabia e previa acontece dia após dia na minha vida e na vida dos outros. Passo, observo, sinto e paro.  Quando paro tenho a nítida impressão que as coisas continuam no mesmo lugar, estáticas. A evolução natural das pessoas não está acontecendo, uma vez que elas não se permitem, são acomodadas.

Tenho refletido sobre a intensidade que carrego comigo. Ela é rara e exigente. Dói. Quanto mais eu leio mais eu sinto, mais eu gosto e mais intensa eu fico. O meu amor pelos livros vem de dentro da alma, sinto-me estranha. Não deve ser normal. Amo os textos e livros escritos em meio à dor e as turbulências que acometem a vida alheia. Por quê?

Masoquismo puro. Consigo sentir exatamente o que o Autor sentiu ao escrever seus textos. Dói, mas passa! É um mix de dor, prazer, linguagem, emoções e dom. Da minha geração são poucas as pessoas que trocam os seus programas pela leitura. Tenho crescido e evoluído. Eu sinto. Eu absorvo e observo.

Sei o que sou e aonde chegarei com isso. A vitória almejada está vindo em minha direção, mesmo sendo cedo demais para falar em ganhar e perder. Entrego-me a tudo que gosto e suporto o que não me faz tão bem assim. Nada é insuportável, sou a prova viva disso.

Meu coração sangra com as palavras doentias, saltita com a felicidade de outrem e é carente de inteligência alheia. Preciso dividir-me! Com quem, com o que? Não sei. Mas sinto que sou inteira, indivisível e que a minha metade não está andando por aí. Ela está em mim.

Priscila Rosa

@ROSAMANA